Teoria melanie klein
O conceito de fantasia inconsciente, como observa Anna Segal,[1] é essencial para a compreensão da teoria kleiniana sobre o desenvolvimento mental. De fato, “a natureza dessas fantasias inconscientes e o modo como elas estão relacionadas com a realidade externa” determinam o funcionamento psíquico do indivíduo.[2] No entanto, esta teoria gerou uma ampla polêmica no âmbito do pensamento psicanalítico, pois parecia ser contrária a alguns postulados da teoria freudiana. A polêmica acabou vertendo sobre o papel da fantasia em relação à inibição da sexualidade e à formação do caráter, contrapondo a visão mais ortodoxa de Anna Freud àquela de M. Klein.[3] Na realidade, por trás desta discussão está o fato do termo fantasia ser usado em sentido diferente. M. Klein elaborou o conceito de fantasia inconsciente (phantasia) constatando que, no funcionamento psíquico, as relações com os objetos externos são mediadas pelas fantasias inconscientes que dão origem aos objetos internos. Portanto, “relações e objetos, ou situações externas, não devem ser simplesmente traduzidas em relações internas”, [4] pois o objeto interno tem vida própria e não coincide com a realidade externa, apesar de estar com ela inter-relacionado.
Anna Freud, se referindo às fantasias conscientes, afirmava que as mesmas são conseqüência da inibição da sexualidade, concebendo o fantasia como uma atividade ligada a um funcionamento psíquico já estruturado em torno do Complexo de Édipo, ao passo que M. Klein, por relacionar a fantasia a processos psíquicos mais primitivos, anteriores à estruturação edípica, afirmava que a sua atividade causa a inibição da sexualidade.[5] A concepção kleiniana de fantasia, de fato, “pressupõe – desde os primeiros anos de vida – uma organização do ego muito maior do que o que foi usualmente postulado por Freud”.[6] A própria Melanie Klein afirma claramente: que “o ego existe e opera desde o nascimento e (...) tem uma importante tarefa de defender-se