Teoria Hobbesiana das Ciências Políticas

“A diferença entre os governos consiste na diferença do soberano” (Hobbes, cap. XIX) De acordo com Hobbes, são apenas três as formas de governo: monarquia, tirania e democracia, ou governo popular. Um adendo feito logo no início do capítulo XIX – ‘’Das diversas espécies de governos por instituição, e da sucessão do poder soberano’’ – refere-se à tirania e à oligarquia apenas como nomes diferentes de monarquia e aristocracia, respectivamente. A diferença, segundo ele, reside no fato de os que estão descontentes com uma monarquia chamam-lhe tirania, e aqueles aquém desagrada uma aristocracia chamam-lhe oligarquia. Assim, analogamente, os que se sentem prejudicados por uma democracia chamam-lhe anarquia, apesar de em seu pensamento teórico ele não achar que a anarquia é uma nova espécie de governo. Porém, apesar de considerar essa forma tripla de governo, Hobbes se destaca por seguir a linha teórica de apenas uma: a monarquia.

Fica evidente a linha teórica hobbesiana voltada para a monarquia, o que quer dizer que Hobbes acreditava na necessidade de um poder centralizador na mãos de um único soberano, e não de uma assembleia. Assim, pois, não há conflito de interesses e o governo pode, assim, exercer seu escopo principal: garantia de paz e prosperidade ao Estado. Hobbes faz uma analogia entre a monarquia e as duas outras formas de governo, afirmando que, enquanto na outras formas de governo quando há conflito de interesses público e pessoal o soberano prefere o interesse pessoal, pois as paixões humanas são mais fortes que a razão. Enquanto isso, na monarquia, o interesse pessoal é o mesmo que o interesse público, portanto esse último se beneficia ainda mais. Hobbes afirma concisamente que o monarca depende dos seus súditos, e esses lhe conferem a riqueza, o poder e a honra unicamente através de sua riqueza, força e reputação. Ao passo que numa democracia ou numa aristocracia a prosperidade pública contribui menos para a fortuna pessoal de alguém que seja