Teoria Critica e Emancipação
Rúrion Melo*
DOSSIÊ
TEORIA CRÍTICA E OS SENTIDOS DA EMANCIPAÇÃO1
O que distingue uma teoria crítica das demais posturas teóricas no campo das ciências humanas consiste em seu interesse pelas condições emancipatórias socialmente existentes. Porém, além desse princípio geral, a teoria crítica se coloca uma forte exigência de fundamentar, de um ponto de vista imanente ao próprio objeto social, suas análises e diagnósticos sobre as condições de possibilidade e sobre os obstáculos existentes à emancipação. Uma vez que tais condições e obstáculos precisam estar presentes de algum modo na própria sociedade, transformações políticas, econômicas e culturais necessariamente influenciam todo diagnóstico crítico voltado para o problema da orientação emancipatória. O capitalismo liberal e a luta de classes, o capitalismo tar* Doutor em Filosofia. Professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)/Campus Guarulhos.
Estrada do Caminho Velho, 333. Pimentas. Cep: 07252312. Guarulhos – São Paulo. rurion.melo@unifesp.br
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Uma versão preliminar do presente texto foi apresentada no Seminário de Ciência Política da USP em junho de
2010. Agradeço a todos os participantes pelas críticas e sugestões. As ideias aqui reunidas resumem parte de minha tese de doutorado Sentidos da emancipação: para além da antinomia revolução versus reforma, defendida em 2009 no Departamento de Filosofia da USP.
dio e os direitos sociais de bem-estar, o reconhecimento de minorias culturais etc. compreendem fenômenos históricos diversos de formas de luta nas sociedades complexas e plurais. O desafio da teoria crítica consiste em poder renovar seus diagnósticos de modo a tornar possível que continuemos formulando uma perspectiva a partir da qual os obstáculos à emancipação ou potenciais emancipatórios, quando presentes numa dada sociedade, sejam considerados e analisados de modo crítico. Quais são as categorias e diagnósticos mais adequados hoje para levar