Tensões sociais no campo

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Historicamente a ocupação do estado de Mato Grosso se deu com base na grande propriedade rural. Na recente ocupação da fronteira agrícola, a partir do final dos anos 1960, o governo militar ao olhar para Mato Grosso, via no estado um grande “vazio demográfico”, com terras que poderiam ser integradas ao processo produtivo e, com isso, se poderia atenuar as pressões sociais que estavam ocorrendo em outras regiões brasileiras.
Ao projetar a ocupação dos “espaços vazios” de Mato Grosso, os órgãos planejadores adotaram, como base, o modelo da grande propriedade, com exceção dos projetos desenvolvidos pelo Incra. Grandes áreas foram vendidas a particulares para que as colonizassem ou implantassem grandes projetos agropecuários. Dessa forma, ocorreu uma transferência das terras devolutas do Estado para o domínio da propriedade privada. Como resultado, surgiram grandes latifúndios que muitas vezes não foram explorados, servindo apenas para a especulação imobiliária. Em algumas dessas grandes extensões de terra foram implantados projetos de colonização.
A maioria dos migrantes mobilizados para Mato Grosso foi em direção aos projetos de colonização, sendo os responsáveis pelo desbravamento das matas, até então intocadas. O abandono do governo e das empresas imobiliárias que se compromissaram em acompanhar e auxiliar no desenvolvimento regional gerou o fracasso de parte desses projetos, uma vez que muitos camponeses não conseguiram se manter na terra devido à falta de infra-estrutura básica (estradas com condições de tráfego, escolas, posto de saúde). Os camponeses mais abastados expandiram suas áreas através da compra dos lotes dos desistentes, o que acabou favorecendo a reconcentração de terras.
Hoje, Mato Grosso é um dos estados que apresenta um dos maiores índices de concentração fundiária do país, como pode ser observado na tabela abaixo.
Situação fundiária de Mato Grosso 1995
Categorias dos produtores rurais Em relação ao número de imóveis (%) Em relação

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