EDUCA O DO CAMPO
Maria Antônia de Souza
Este texto problematiza a Educação do Campo e tem o intuito de demonstrar os sinais da construção de políticas públicas que vem sendo possibilitada pela participação efetiva dos trabalhadores do campo. Se considerarmos como marco inicial a Conferência Nacional por uma
Educação Básica do Campo, de 1998, constataremos que a Educação do Campo tem mais de uma década de existência. Integra a luta dos trabalhadores pelo cumprimento de um direito social – a educação – e pressupõe uma concepção de educação emancipatória, nos termos de Mészáros (2005), em contraposição a uma educação excludente e que ignora a ruralidade do território brasileiro; a Educação do Campo opõe-se à Educação Rural. É construída coletivamente pelos trabalhadores e, num crescente movimento nacional, vem adensando os projetos educacionais, as parcerias, o envolvimento de segmentos governamentais e a necessidade de modificações curriculares, especialmente na educação superior.
Doutora e Mestre em Educação; Docente do Programa de
Pós-Graduação – Mestrado em
Educação - Universidade Tuiuti do Paraná; Docente do Curso de Pedagogia da Universidade
Estadual de Ponta Grossa.
Curitiba – PR [Brasil] maria.antonia@pq.cnpq.br D o s s i ê T e m á t i c o Palavras-chave: Educação. Educação do Campo. Movimento social.
Políticas públicas.
EccoS – Rev. Cient., São Paulo, v. 11, n. 1, p. 39-56, jan./jun. 2009.
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O movimento da Educação do Campo, as tensões na luta…
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Introdução
C i e n t í f i c a Neste texto, problematiza-se a Educação do Campo, evidenciam-se as tensões que permeiam o seu movimento e indicam-se sinais da construção de políticas públicas. Em dez anos de história, muitas reflexões foram desenvolvidas sobre os conceitos de campo, de educação e de políticas públicas. Os principais expoentes desse debate são Bernardo Mançano Fernandes, Miguel