Tempo - Rafaela Leite
A ave então pousou, junto a ela duas pedras preciosas da cor do céu me fitaram por cinco segundos. Vi o sorriso mais lindo que poderia imaginar existir. Ele me acalmava.
Senti uma dor aguda, minhas pernas fraquejaram, relutei durante alguns segundos, mas finalmente caí. Um rubro rio percorria todo meu corpo. Em meio à multidão encontrei aqueles olhos azuis que não se desviaram de mim nem por um instante. Tudo começou a ficar escuro. Um par de cândidas mãos repousou em meu rosto, e tudo virou calmaria, já não sentia mais dor. Eu tinha certeza : ele era meu anjo.
Um suave vento soprou meus cabelos, já não tocávamos mais o chão. Lá embaixo enxergava muitas pessoas ao redor de um corpo onde não existia vida. Gritei o mais alto que pude, porém ninguém olhou, não me escutavam.
Uma onde de desespero passou por mim, então senti uma mão macia recostada sob a minha. Não senti mais medo.
A lua estava cheia, há tempos não a observava, tinha o costume de olhá-la durante horas. Estávamos chegando cada vez mais perto de seu brilho acinzentado. Olhei para o anjo uma última vez e ele sorriu. Tive coragem de me soltar, sabia que precisava fazê-lo.
Estava bem agora, todas as dores haviam desaparecido, todos os sentimentos ruins já não existiam.
Poderia enfim ser