Temas em Psicologia - Dor
Temas em Psicologia - 2010, Vol. 18, no 2, 429 – 447
Dor e comportamento
Howard Rachlin
State University of New York
Resumo
Parece que existem dois tipos de dor: a dor “sensorial” fundamental, cuja intensidade é função direta da intensidade de vários estímulos produtores de dor; e a dor “psicológica”, cuja intensidade é altamente modificável por fatores como hipnose, placebos e o contexto sociocultural no qual o estímulo ocorre. As teorias da dor − fisiológica, cognitiva e comportamental – têm visões específicas sobre a natureza dos dois tipos de dor. De acordo com as teorias fisiológica e cognitiva, a dor
“psicológica” e a dor “sensorial” são processos internos, sendo que a primeira influencia a última da mesma maneira como os processos centrais influenciam os processos periféricos. De acordo com a teoria comportamental, a dor “sensorial” é um reflexo (um respondente), enquanto que a dor
“psicológica” é um ato instrumental (um operante). A teoria comportamental postula que nenhum tipo de dor é um processo interno − ambas as dores são comportamentos explícitos. Embora ambas as teorias − fisiológica e cognitiva − concordem com o senso comum de que a dor é interna, elas divergem das percepções do senso comum em outros aspectos. Essas teorias não são melhores do que a teoria comportamental, quanto à explicação da experiência subjetiva de dor. Elas não têm gerado tratamentos para a dor que sejam superiores àqueles gerados pela teoria comportamental. Não existe fundamento para a frequente crítica dos filósofos antibehavioristas e de outros psicólogos de que o behaviorismo, porque não pode explicar a dor, é menos capaz de explicar os fenômenos internos do que a fisiologia ou a cognição.
Palavras-chave: Psicologia comportamental, Psicologia cognitiva, Eventos mentais, Psicologia operante, Dor, Psicologia fisiológica, Psicofísica.
O objetivo deste trabalho é descrever três abordagens teóricas para o estudo da dor –