Tecnologia e emprego
JORGE MATTOSO Professor do Instituto de Economia da Unicamp e Secretário Municipal de Relações Internacionais de São Paulo
Resumo: A relação entre tecnologia e emprego foi seguidamente reduzida à sua expressão mais simples. Este artigo rediscute essa relação, considerando sua complexidade e conflito, sempre imersa em relações macroeconômicas e sociais mais amplas. Nesse sentido, observa-se que hoje essa relação se constrói em meio a um processo de globalização financeira, de desregulação dos mercados e de redução da capacidade regulatória e de gasto do Estado. Esse processo, por sua vez, teria gerado um novo regime de crescimento, no qual as principais variáveis relacionadas ao emprego (produto, produtividade, tempo de trabalho, demanda e investi- mento) apresentariam um desempenho medíocre, se comparadas às de outros períodos. Palavras-chave: inovação tecnológica; mudanças e emprego; trabalho.
esde a primeira revolução industrial até os dias de hoje têm sido acirrados os debates sobre a relação entre inovação tecnológica e emprego. Esses debates, no entanto, ocorreram por ondas, como que favorecidas pelo ciclo econômico. Nesse sentido, em períodos de forte crescimento as teses dominantes tende- ram a valorizar os efeitos positivos do progresso técnico. Em contrapartida, em períodos de crise e de introdução mais intensa de novas máquinas, equipamentos e formas de produção, proliferaram as análises que viam o progresso técnico como o grande e único responsável pela redução de empregos. Com o desenrolar da crise iniciada nos anos 70 do século XX, essa discussão voltou à cena, ampliada pela desordem do trabalho que se abateu sobre muitos paí- ses. Nesta passagem de século, os processos de globali- zação financeira, desregulação dos mercados e intensas transformações tecnológicas