Teatro de invasão
Diferente do teatro tradicional o teatro de Invasão de Carreira compreende que a cidade penetra a cena não de maneira incomoda, mas de uma forma simbiótica onde a cena na rua se estrutura diretamente com as dinamicidades circunstanciais da cidade. Dentro da perspectiva do teatro de invasão, a cidade não é apenas um elemento externo de referência. A cena tanto invade, quanto é invadida pela própria dinâmica cotidiana da cidade, num ato de penetração mútua onde o elemento de mediação é o ator. Aqui, a percepção da cidade como dramaturgia está no centro do processo de criação. Isto implica em descobrir aquilo que a cidade pode oferecer para a construção de um projeto teatral. No entanto para o ator interpretação nas condições de um teatro de invasão é necessário um esforço, uma interpretação que solicita muito do ator o jogo em um lugar duplo onde se atua e se registra a situação cênica. Além do sentido tradicional da improvisação exigisse, portanto, uma demanda por um repertório de jogo no qual o ator não apenas aproveita aquilo que emerge do ambiente, mas sobre tudo lê o ambiente e busca reproduzir nas ações da cena essa dramaturgia modificando as condições de recepção e sua própria condição de representação. Conforme Carreira, esta é a diferença fundamental entre os procedimentos cênicos de invasão e outros, mais tradicionais. O projeto de montagem nesse teatro nasce da experiência concreta do ator com a cidade e ampara-se nessa relação. Nesse sentido, os atores pesquisam minuciosamente o ambiente concreto e social da cidade, percorrendo dia e noite de alto a baixo, ruas, vilas, conhecendo os pontos comerciais, fazendo contato com artistas, observando a população, reorganizando o próprio roteiro do espetáculo e definindo o