TCAP
O comportamento alimentar caracterizado pela ingestão de grande quantidade de comida em um período de tempo delimitado
(até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come, é conhecido em inglês como binge eating* – em português, compulsão alimentar periódica
(CAP).1 Quando esses episódios ocorrem, pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não são acompanhados de peso, compõem uma síndrome denominada atualmente de transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) – binge eating disorder (DSM-IV).2
A CAP ocorre em indivíduos com peso normal e em indivíduos obesos.3,4 Em obesos que procuram programas para controle de peso, foram observadas freqüências em torno de 30% para
TCAP e 46% para CAP, estando o TCAP associado a sintomas psicopatológicos em geral, especialmente à depressão, a uma maior gravidade da obesidade e ao prejuízo no funcionamento social e ocupacional.3,4 No Brasil, Appolinario,5 Coutinho6 e Borges7 encontraram prevalências de TCAP entre 15% e 22% em pacientes que procuravam tratamento para emagrecer.
Dentre os instrumentos utilizados para avaliar a CAP, dois foram traduzidos para o português: (1) Bulimic Investigatory
Test, Edinburgh (BITE)8 – Teste de Avaliação Bulímica de
Edimburgo9 – e (2) Questionnaire on Eating and Weight
Patterns, Revised (QEWP-R)3 – Questionário sobre Padrões de
Alimentação e Peso, Revisado.10 Entretanto, esses instrumentos não foram construídos para avaliar a CAP especificamente em obesos, nem utilizam uma abordagem dimensional do fenômeno.
A utilização de uma medida contínua fornecendo níveis de gravidade da CAP em pacientes obesos acrescenta uma ferramenta importante na avaliação destes, uma vez que estudos evidenciam que a comorbidade psiquiátrica em pacientes obesos parece estar relacionada à gravidade da CAP, e não à gravidade da obesidade.11
O emprego da ECAP,