Surrealismo e Moda
O poeta surrealista e cineasta Jean Cocteau , em seu filme O Sangue de um Poeta (1930) , promoveu o entrelaçamento entre " roupagem viva" , a forma clássica que se torna uma espécie de corpo, e da estátua, a estrutura que estende a vida do corpo real, desencadeando uma peça com transições entre o real e o artificial, que ele apresentava ao público com um filme nada comercial, mas sim como obra de arte visual, repleta de poesia, montagens e colagens pictóricas e escultóricas, cujos efeitos especiais provocam espanto.
Adicionando o teatro e a teatralidade vivida à receita de um mundo real inventado a partir de ingredientes da imaginação, Cocteau, que trabalhou em praticamente todas as artes visuais, elidiu o real e o imaginado com a mesma fluidez com que ele se moveu entre as artes Rejeitado por surrealistas doutrinários, o filme de Cocteau, entretanto, é enquadrado nos estilos surrealistas. Considera-se sinônimo de poesia suas obras realizadas em todas as áreas, por ser característico trazer a ideia do novo, algo que era preconizado pela modernidade, estabelecendo assim, uma nova relação entre a comunicação visual e a cultura. As manifestações criativas de Cocteau perpassavam pelo imaginário místico, os contos de fadas, a filosofia, com sua concepção do estético, do fantástico na comunicação visual e nas relações humanas. Na obra cinematográfica A Bela e a Fera (1945) de sua autoria, os elementos do simbólico, da fantasia e da poesia das evocações imaginárias estão explicitamente presentes. A história do filme é de uma jovem chamada Bela, que ama seu pai e é odiada pelas duas irmãs, por segundo elas, se considerar mais humilde que as outras. O pai ao fazer uma viagem, pergunta o que cada uma das filhas gostaria de presente, e, as duas irmãs pedem vestidos com brocados, jóias, abanadores e penas de avestruz, e Bela, apenas uma rosa. O pai durante a viagem se perde em uma floresta e acaba encontrando um castelo possuído por mágica, e nele,