Surdos e sua comunidade
O movimento surdo não pode ser configurado como um monólogo, e por isso é regado de dialogicidade. “Os surdos podem olhar o mundo ao invés de somente vê-los”. O dialogo é de extrema importância, pois possibilita informação, auto-formação e reconhecimento dos sujeitos.
A antropologia moderna tem como convicção que os seres humanos são modificados pelos locais que freqüentam e, a partir desse ponto, traçar uma linha cultural única, seria um equivoco. Não podemos pensar que a cultura dos surdos é uma imagem da cultura dos ouvintes, isso não existe. E quando a cultura surda é reprimida, ela sofre inúmeros retrocessos.
A única coisa própria do ser humano é a linguagem, pois somente a partir dela nos transformaremos em seres individuais, sociais e culturais. E abrir espaço para que os surdos tenham acesso a todo conhecimento é um bom começo.
É preciso ultrapassar as fronteiras da escola, pois muitas ainda trabalham no sistema de adestração, sem se preocupar com a formação integral dos alunos surdos, outras ainda trabalham com base terapêutica, transformando o local escolar numa clinica de recuperação.
É preciso que ampliar seus conhecimentos sobre o mundo, sobre os outros e sobre si mesmo, e pensando nisso, surge a ideia do multiculturalismo- bilíngüe: duas línguas e diversas culturas.
Surdos que tem pais ouvintes são os que sofrem mais com a perda cultural, pois provavelmente só terão contato com outros surdos quando estiverem na adolescência ou na fase adulta, e só então desenvolverão sua identidade surda. As relações parentais dos surdos diferem das dos ouvintes, pois é um parentesco cultural e não familiar, eles se constituem como um grupo étnico, a não ser que toda a família seja surda.
Pensar em grupo, dialogando e planejando amplia a rede de comunicação das comunidades. Os objetivos comuns das comunidades surdas são avançar nos campos