Superação da democracia
O Estado e a Revolução
V. I. Lênin
No prefácio à edição dos seus artigos da década de 1870 sobre diversos temas, principalmente de conteúdo ‘internacional’, prefácio datado de 3 de janeiro de 1894, isto é, escrito um ano e meio antes da morte de Engels, ele escrevia que em todos os artigos se emprega a palavra ‘comunista’, e não social-democrata, porque então se chamavam a si próprios sociais-democratas os proudhonistas em frança, os lassallianos¹ na Alemanha .
“... Para Marx e para mim - prossegue Engels - era, por isso, absolutamente impossível escolher, para designar o nosso ponto de vista especial, uma expressão tão elástica. Hoje as coisas mudaram, e assim a palavra ‘(social-democrata)’ pode passar ainda que continue a ser inadequada para um partido cujo programa econômico não é meramente socialista em geral, mas diretamente comunista, e cujo objetivo político final é a superação de todo o Estado, portanto também da democracia. Os nomes de partidos políticos reais ‘(sublinhado de Engels)’ porém, nunca estão completamente certos; o partido desenvolve-se, o nome permanece”.
O dialético Engels, no ocaso de seus dias, permanece fiel à dialética. Marx e eu, diz, tínhamos um belo nome para o partido, cientificamente preciso, mas não existia um verdadeiro partido proletário, isto é, de massas. Agora (fim do século XIX), existe um verdadeiro partido mas a sua denominação é cientificamente inexata. Não interessa, ‘passa’, desde que o partido se desenvolva, desde que a imprecisão científica da sua denominação não lhe seja escondida e não o impeça de se desenvolver na direção justa! Talvez um espirituoso qualquer se pusesse a consolar-nos também a nós, bolcheviques, à maneira de Engels: temos um verdadeiro partido, ele desenvolve-se admiravelmente; “passa” também uma palavra tão absurda e feia como “bolchevique”, que não exprime absolutamente nada, senão a circunstância puramente casual de que no Congresso de