suma
São Tomás de Aquino, em sua obra Suma Teológica, dá – mais uma vez – corpo a uma discussão capital entre os filósofos e padres medievais: as relações entre fé e razão, onde tenta nos mostrar até que ponto a razão pode conhecer a essência de Deus – uma vez que sua existência seria demonstrável – traçando, assim, o limiar entre esses dois princípios que guiaram toda uma filosofia. Ao se apropriar das problemáticas impostas pelas relações entre fé e razão, articulando-as com as questões concernentes a Deus, Tomás de Aquino será partidário da idéia de que a razão não pode atingir todas as verdades, visto a impossibilidade de demonstrar certos dogmas “em si mesmos” – ou seja, unicamente por uma via racional. Entretanto, a razão poderia demonstrar o que se segue de um dado dogma e também sua possibilidade de ser racional e verdadeiro. Articula-se, porém, com a fé. Isso, a princípio, constitui um paradoxo, porém, mostra- se como coerente na filosofia de São Tomás, uma vez que a razão não pode evidenciar o cerne do dogma, mas poderia torná-lo aceitável mostrando a sua veracidade por outros olhos – os olhos da fé. Assim, podemos destacar dois princípios, agora demonstrativos: o da fé e o da razão. Entretanto podemos também evidenciar suas consequentes articulações: Seja o problema de Deus;certas verdades relativas a Deus não podem ser demonstradas unicamente pela razão; é o caso do dogma da Trindade, por exemplo; tudo o que a razão pode fazer com relação a tal dogma é mostrar que ele não é impossível racionalmente e explicitar as conseqüências decorrentes e ainda destruir as objeções que lhe são opostas. Em compensação, outras verdades relativas a Deus são suscetíveis de receber uma demonstração racional; assim a existência de Deus, sua unicidade, etc. (PÉPIN, 1983, p. 158)
As questões 2, 10 e 11 da Suma Teológica tratam, respectivamente, da existência de Deus, da eternidade de Deus e da unidade de Deus:
A questão de número 2 (a