Sucessos e fracassos no controle de doenças infecciosas no Brasil
Introdução
As doenças infecciosas ainda são um problema de saúde pública no Brasil, muito embora a proporção do total de mortes causadas por elas tenha caído de 50% para 5% ao longo dos últimos oitenta anos. Neste artigo, não é feita uma revisão abrangente das tendências para todas as doenças infecciosas no Brasil, mas são avaliados os êxitos relativos das políticas e intervenções para doenças selecionadas.
Na década de 1950, 64% da população brasileira morava em áreas rurais. As condições de vida tanto em áreas urbanas quanto no campo eram pobres, com acesso restrito aos serviços de saúde (inclusive vacinas), moradias, água e saneamento inadequados, favorecendo a transmissão de tuberculose, poliomielite, sarampo, caxumba, difteria, febre tifoide e leptospirose. Em 1953, com a criação do Ministério da Saúde, foi estabelecido um programa para doenças rurais, que levou à implementação sistemática de medidas de controle de vetores. No ano 2000, apenas 19% da população morava em áreas rurais – com a maior parte da carga das doenças infecciosas observada entre os residentes de áreas urbanas.
Tal nível de progresso teve algumas consequências negativas, como o volume de desmatamento para possibilitar atividades agroindustriais ou a extração de produtos básicos e commodities. Além disso, o aumento na mobilidade da população expandiu as áreas de transmissão de algumas doenças endêmicas e fez doenças anteriormente restritas às áreas rurais aparecerem em áreas urbanas. Algumas infecções que ganharam dimensão internacional afetaram o Brasil