substancias que mudaram o mundo
Cafeína, a droga mais popular do mundo, a única que pode ser comprada sem restrições por velhos, adultos e crianças, está presente nas três bebidas mais consumidas no planeta – café, chá e Coca-Cola. Mais que isso: a cafeína tem um antigo e respeitável prontuário de serviços prestados à raça humana. Ela modificou a paisagem cultural, ajudando escritores, líderes religiosos e cientistas a encontrarem concentração, força e vitalidade. Também acelerou economias, dilatou fronteiras geográficas e expandiu mercados, globalizando o gosto das pessoas no mundo inteiro.
Observada à luz fria dos laboratórios, a cafeína pode ser apresentada como um alcaloide composto por oito moléculas de carbono, dez de hidrogênio, quatro de nitrogênio e duas de oxigênio. É encontrada em bebidas como guaraná e mate, além de alimentos como chocolate. Porém, é virtualmente impossível resumi-la nesses poucos dados objetivos. Isso porque talvez nenhuma outra forma de nutrição tem sido tão influente nos últimos dois milênios.
Personagem da história, da cultura, dos eventos políticos e da ciência, a cafeína só foi “descoberta” tardiamente, já em pleno século XIX. Em 1819, o médico alemão Friedlib Ferdinand Runge, por sugestão do amigo Johann Wolfgang Goethe, um dos maiores escritores e intelectuais alemães de todos os tempos, foi o primeiro cientista a isolar e nomear moléculas de cafeína a partir de sementes de café. Mas é claro que, desde muito antes, suas propriedades estimulantes já eram bastante conhecidas – e responsáveis por revoluções culturais e econômicas nos cinco continentes.
De concreto, sabe-se desde o século X que o café é um estimulante. A descoberta deve-se a Abu Bakr Muhammad ibn Zakharia, médico e astrônomo islâmico, que destacou os efeitos benéficos da beberagem no corpo humano.
Muito antes desses primórdios do estudo sobre o café, os chineses já haviam descoberto o arquirrival dessa bebida: o chá. Atribui-se ao sábio Shen Nung (2737 a.C.) a primeira descrição