SUBDESENVOLVIMENTO NO BRASIL
Hoje não podemos mais pensar o Brasil como um país “pobre”. O Brasil já é um país de renda média, que realizou sua revolução capitalista. É uma sociedade na qual a apropriação do excedente econômico não mais se realiza através do controle direto do
Estado, mas através dos lucros realizados no mercado pelos empresários; é uma sociedade capitalista tecnoburocrática porque a classe profissional se tornou igualmente importante na partilha do excedente econômico sob a forma de ordenados elevados.
Entretanto, não obstante o razoável grau de desenvolvimento econômico que já alcançou, o Brasil é ainda um país subdesenvolvido. Não porque sua renda por habitante seja muito baixa, mas porque continua a ser um país dual – um país que até hoje não logrou integrar toda a sua população no mercado de trabalho. A análise clássica da “dualidade básica” da economia brasileira foi realizada por Ignácio Rangel em 1957. O país já conta com um setor capitalista industrializado e tecnologicamente sofisticado, mas esse setor ainda não foi capaz de absorver toda a mão-de-obra disponível, de forma que uma parte dela se mantem mal empregada ou subempregada. O segundo setor não pode ser chamado
“tradicional” porque está ligado ao sistema capitalista e para ele é funcional. Mas é um país no qual a desigualdade econômica continua elevada, ainda que tenha se reduzido desde transição democrática de1985, e principalmente porque sua sociedade ainda está marcada por uma heterogeneidade estrutural.
Enquanto o setor capitalista não for capaz de absorver toda a “oferta ilimitada de trabalho” existente no Brasil, o país continuará dual. As transferências de renda para os pobres, que vêm sendo efetivas em reduzir a desigualdade, integraram uma massa de cidadãos no mercado de consumo capitalista, mas não os integrou ainda no mercado de trabalho. O Brasil continua, portanto, injusto e subdesenvolvido. A “cura” para esse duplo mal