Stuart mill - o governo representativo cap ix
Cap IX - Deveria haver dois estágios de eleição?
Descute-se o processo duplo de eleição onde eleitores primários escolhem outros eleitores e esses elegem o Parlamento.
Objetivo de obstáculo para o inteiro alcance do sentimento popular num cenário onde muitos votam mas o poder de fato está com poucos, que seriam menos movidos pela paixão popular do que o povo.
Esperando que os eleitores escolhidos excedessem em intelecto e caráter que seus constituintes, sua escolha para o Parlamento seria mais cuidadosa e esclarecida e sob um sentimento maior de responsabilidade.
Essa filtragem do sufrágio popular através de um corpo intermediário é lógica ao pensarmos que é mais fácil escolher entre vizinhos quem merece mais confiança para escolher um membro do Parlamento do que realmente escolhê-lo.
Porém, para que o sistema funcione, o eleitor primário deve alienar a escolha do membro do Parlamento, escolhendo apenas quem confia para votar em seu lugar, sendo essa escolha movida pelo respeito pessoal.
Ao dar uma procuração de poder geral para um eleito agir em seu lugar, o sistema deixa com que as questões públicas sejam objeto de interesse do povo, impedindo o desenvolvimento do espírito público e da inteligência política, já que se o eleitor não deve ter interesse no resultado, por que razão ele teria no processo?
Para o funcionamento do sistema seria necessário o zelo pelo princípio do dever pelo bem do próprio dever, comum apenas entre pessoas com certo grau elevado de cultura e por terem tal grau mereceriam um poder político de forma mais direta.
O efeito do processo duplo não é excluído do processo direto ao observarmos que uma pessoa que não possa pelo alcance limitado escolher adequadamente um candidato ao Parlamento mas possa julgar a honestidade e capacidade geral de alguém a quem possa atribuir a tarefa, pode simplesmente fazê-lo perguntando-lhe em qual candidato seria melhor votar, sem necessidade de dispositivo constitucional para tal.
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