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Sentimento do mundo
Carlos Drummond de Andrade
O AUTOR
Carlos Drummond de Andrade era mineiro de Itabira do Mato Dentro, nascido em 1902, nono filho de Carlos de Paula Andrade, fazendeiro, e de D. Julieta Augusta Drummond de Andrade. Expulso do colégio ao findar o ano letivo de 1919, em consequência de um incidente com o professor de português, passou a residir em Belo Horizonte, onde fez estudos de farmácia. Dedicou-se ao jornalismo e entrou em contato com o Modernismo paulista, integrando o grupo fundador de A Revista, órgão que divulgava as ideias modernistas em Minas Gerais. Em 1926, sem interesse pela profissão de farmacêutico e sem aptidão para a vida de fazendeiro, lecionou geografia e português no Ginásio Sul-Americano de Itabira. Ainda em 1926, retornou a Belo Horizonte, como redator e depois redator-chefe do Diário de Minas. Em 1928, a Revista de Antropofagia publicou seu poema No meio do caminho, provocando escândalo nos meios mais conservadores.
Em 1934, deixou Belo Horizonte e foi para o Rio de Janeiro (onde viveu até o fim da vida, em 1987), como chefe de gabinete do ministro Gustavo Capanema, Ministro da Educação e da Saúde Pública.
Poeta, contista, cronista e ensaísta, Carlos Drummond soube usar com precisão a linguagem, sempre de forma elegante e correta, com riqueza vocabular. Os temas e os motivos de sua obra são sempre cotidianos, observando de perto os homens e as sutilezas e brutalidades da vida.
Contexto histórico
Escrito na fase em que o mundo se recuperava da Primeira Guerra Mundial e em que já se encontrava iminente a Segunda Grande Guerra, com a imposição do Estado Novo de Getúlio Vargas e o crescimento do Nazi-fascismo, percebe-se em Drummond a luta, a contestação, pela palavra, das atrocidades que o mundo parecia aceitar (“Tudo acontece, menina / E não é importante, menina”). Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando,