Soneto de devoção
Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas as quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! – uma cadela
Talvez... – mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
Marinha
Na praia de coisas brancas
Abrem-se às ondas cativas
Conchas brancas, coxas brancas Águas-vivas.
Aos mergulhares do bando
Afloram perspectivas
Redondas, se aglutinando Volitivas.
E as ondas de pontas roxas
Vão e vêm, verdes e esquivas
Vagabundas, como frouxas Entre vivas!
A morte
A morte vem de longe
Do fundo dos céus
Vem para os meus olhos
Virá para os teus
Desce das estrelas
Das brancas estrelas
As loucas estrelas
Trânsfugas de Deus
Chega impressentida
Nunca inesperada
Ela que é na vida
A grande esperada!
A desesperada
Do amor fratricida
Dos homens, ai! dos homens
Que matam a morte
Por medo da vida.
Colégio Romano Senhor Bom Jesus
Antologia Poética
Nome: Yonarhan Costa
Turma:212
BIOGRAFIA
Viveu toda a sua infância no Rio, tendo nascido no bairro da Gávea, aos três anos se mudou para Botafogo para morar com os avós e estudar na Escola Primaria Afrânio Peixoto. Foi também na sua infância que escreveu seus primeiros versos. Em 1924 entrou para o Colégio Santo Inácio, em Botafogo, onde cantava no coro da igreja e montava pecinhas de teatro.
Em 1929 concluiu o curso ginasial e a família retornou para a Gávea. Nesse mesmo ano ingressou na Faculdade de Direito do Catete e se formou em Direito em 1933, ano em que publicou “O Caminho para a Distância”, seu primeiro livro de poesia
Em 1935, recebeu o prêmio Filipe d’Oliveira pelo livro Em 1935, seu livro Forma e exegese. Em 1936, empregou-se como censor