Sociologia
A acentuada depreciação da moeda brasileira nas últimas semanas pode desferir doloroso golpe na autoestima do país. O Brasil concluiu 2011 como a sexta maior economia do mundo. Ultrapassou o Reino Unido em termos do Produto Interno Bruto em dólares correntes. Segundo o Fundo Monetário Internacional, fechamos 2011 com um PIB de US$ 2,5 trilhões.
Embora o Brasil ocupe a mesma fatia da economia mundial (pouco menos de 3%) há 10 anos, o frenesi internacional (e também interno) fazia supor que o PIB nacional – em escalada irresistivelmente ininterrupta – ultrapassaria o da França já em 2015. O país, então, estaria entre as cinco maiores economias.
Curiosamente, as elevadas taxas de juros brasileiras, apontadas (corretamente) como uma das vilãs de nosso subdesempenho, ajudaram na ilusão do PIB turbinado em dólares.
Em ocasiões anteriores, em que o Brasil teve sua moeda depreciada ante outras divisas, havia significativa diferença entre a posição ocupada pelo Brasil no PIB medido em dólares correntes ou pela paridade do poder de compra, o PPC. Como os preços e custos de fatores brasileiros, em outras conjunturas, eram notadamente inferiores a congêneres globais, ainda que o PIB nominal decepcionasse o PIB por PPC sugeria uma melhor colocação brasileira.
Em anos recentes (2006-2011), visualizamos expressiva ascensão do PIB nominal – embora o Brasil não tenha subido na mesmo proporção em termos de PIB por PPC, dada a vertiginosa escalada dos preços relativos no país. Nesse período, o Brasil cresceu a taxas anuais de 4,2%, média inferior à dos outros BRICS e de latino-americanos como Colômbia e Peru.
Embora seja cenário ainda pouco provável – e sequer desejável – imaginemos que nos próximos sete meses ocorra uma desvalorização do real em mais 10% com base num dólar atual a R$ 2,00 (valor nesta data). O dólar em dezembro de 2012 valeria aproximados R$ 2,20. Suponhamos também que o PIB no