sociologia
Leia o caso concreto e responda as questões propostas:
Infância na hora da morte A mortalidade infantil na pequena cidade alagoana de Carneiros, a 253 quilômetros de Maceió, não é um índice, é um massacre: 633,3 em cada mil crianças. A miséria absoluta em que vive o pequeno município de 5800 habitantes é a causa principal da infinidade de enterros: crianças mal nutridas num lugar que praticamente nada produz, com exceção de pequenas culturas de mandioca e feijão, não resistem às doenças respiratórias e às complicações intestinais. O único médico da cidade, Gérson Leão de Mello, 31 anos, clínico geral formado pela Universidade Federal de Alagoas, atende em média oitenta pessoas, por dia, entre adultos e crianças. Muitas doenças, diz ele, poderiam ser evitadas caso a população fosse mais informada e menos afeita a crendices populares e tradicionais da região. As mulheres, por exemplo, em sua maioria casam-se muito jovens, com cerca de 14 anos, isto quer dizer, quase crianças ainda, e têm em média, dezesseis filhos. Metade das crianças nascidas morre antes do primeiro ano de vida. Há casos drásticos, como o de Marinalva Maria de Jesus de 51 anos. Dos seus 26 filhos, apenas 4 sobreviveram. “Vivemos em um mundo diferente”, diz ela, esperamos somente o dia em que Deus chama para nos tirar desta terra. A morte das crianças é encarada como uma graça divina em Carneiros. Como diz Maria Milton dos Santos, 38 anos, que perdeu seis dos dezesseis filhos que teve: “Deus resolveu levá-los, me fazendo um favor”. (Adaptado da revista Isto È, maio de 2008)