Sociedades Contemporâneas para Deleuze
As sociedades de controle, por sua vez, referem-se a uma espécie de aprimoramento das sociedades disciplinares e dos seus mecanismos de controle, de modo que o controle antes exercido por instituições compartimentadas é agora propagado por amplas redes de informação destituídas de portas ou muros, onde a observação e a vigilância são constantes em um cenário social em que o público e o privado constituem âmbitos etéreos e fluidos da vida de indivíduos inseridos em sociedades predominantemente capitalistas. Nesse contexto, a responsabilidade da vigilância é deslocada dos dispositivos disciplinares supracitados para todos aqueles que compõem um grupo social, de modo que cabe a todos nós nos vigiarmos mutuamente, posto que a disciplina agora não mais depende do investimento de autoridade para ser exercida.
O processo de transição entre as duas sociedades acima referidas é perpassado por uma mudança fundamental no que se refere à produção de subjetividade. Nas sociedades disciplinares a individualidade (ainda que subjugada a dispositivos institucionais coercitivos que buscam a sua modelação e atenuação de características que fogem ao padrão pré-determinado) é dotada de individuação, no sentido de possibilitar ao