Sociedade
No imaginário popular, a tal "Justiça" – entidade suprema, cujo poder e sapiência a iguala a um bom pai – é o Poder Judiciário. Nada mais enganoso, pois, ao contrário do que as pessoas são levadas a pensar, o Poder Judiciário apenas aplica a lei, seja ela justa ou não. Essa dura constatação destrói o sonho de que existe uma super-entidade empenhada em restaurar o direito das pessoas, promovendo a justiça. Essa decepção é maior nos momentos em que a pessoa recorre ao poder público para recobrar direitos que imagina ter e não recebe a justiça que imagina merecer. A pessoa, então, sente-se traída em sua confiança e, quase sempre, debita sua insatisfação no Poder Judiciário, podendo, então, cometer uma "injustiça". Ao Poder Judiciário cabe apenas a defesa da ordem jurídica através da aplicação das leis vigentes. Assim, o Poder Judiciário pode, ou não, promover justiça. O efeito da sua ação vai depender da qualidade da legislação e da forma como a aplica. De qualquer forma, pode-se dizer que sem leis justas, o Poder Judiciário não tem como distribuir justiça.
Na realidade, a instalação da injustiça é fruto da atuação, combinada ou não, de fatores complexos,