sociedade e tecnologia
OS TSUNAMIS DE CADA DIA
Não somente de médico e louco todo mundo tem um pouco, mas de mal-educado também por: Bruna Galvão / 05/09/2014
O ser humano pode ser tudo. Como bem disse o escritor cubano Reinaldo Arenas (19431990): “Somos cruéis e ternos, egoístas e generosos, apaixonados e meditativos, lacônicos e estrondosos, terríveis e sublimes, como o mar...”. Por essa perspectiva, como o mar, o ser humano é capaz de se contradizer e assim, ao mesmo tempo que acaricia areias, destrói rochas. Como o mar, invade, sem pedir licença, espaços que não lhe pertencem, pelo simples fato de ocupar. Como o mar, carrega consigo o que recebe e às vezes tende a devolver muitas dessas coisas; outras, prefere depositá-las em seu interior, juntamente com navios naufragados. Suas naturezas os igualam. Suas tendências os apartam. Em seu estado selvagem, o mar é sempre mar, e o humano, sempre humano. No entanto, ser humano é também ser outros e muitos ao mesmo tempo. Já o mar é somente e eternamente mar. Ele conserva o seu estado bruto por ser imoldável. Os humanos, para deixarem de ser brutos, acabam lapidados pela cultura, com suas regras e padrões de educação. Entretanto, de vez em quando, ecos vindos de alguma concha os lembram de que são humanos e, assim, os fazem liberar suas ondas.
Como o mar.
“É curioso que a palavra ‘educação’ venha do latim ex + ducere, ou seja, ‘trazer para fora’. A pessoa bem-educada, portanto, foi aquela a quem deram a oportunidade de trazer para fora o que ela tinha de melhor para trocar com o mundo”, comenta o médico psicanalista Francisco Daudt. Na comparação com o mar, é como se suas calmas ondas só devolvessem à praia aquilo de bom que recebeu.
Porém, se o mar, estimulado por fatores naturais do planeta, pode causar tempestades, o ser humano é capaz de causar “tsunamis” por