Social
A Face Oculta do Racismo no Brasil: Uma Análise Psicossociológica
The hidden face of racism in Brazil: A psycho-sociological analysis.
Leoncio Camino*, Patrícia da Silva*, Aline Machado* e CíceroPereira** leocamino@uol.com.br Resumo No Brasil, atos explícitos de discriminação racial são proibidos por lei. O que estaria levando as pessoas inibirem expressões do preconceito conservando disposições negativas internas. Mas não se trata exclusivamente de um problema psicológico. O discurso moderno sobre as relações raciais é essencialmente contraditório. Num estudo realizado na Paraíba, observou-se que praticamente todos os 120 universitários entrevistados, afirmam que no Brasil existe preconceito, mas curiosamente a grande maioria não se considera preconceituosa. Os estudantes parecem ter clara consciência da discriminação racial que se vive no Brasil mas não aceitam a responsabilidade por esta situação. Assim, observou-se que os estudantes utilizavam mais adjetivos de pessoas simpáticas e menos de pessoas antipáticas para descrever pessoas de cor negra que pessoas brancas, mas pensavam que os brasileiros fariam o contrário: atribuiriam mais adjetivos de pessoas antipáticas e menos de pessoas simpáticas às pessoas de cor negra. Observou-se também que utilizavam mais adjetivos do terceiro mundo e menos do primeiro mundo para descrever pessoas de cor negra. Quando convidados a responder pelos brasileiros davam o mesmo padrão de respostas. Analisam-se estas contradições na perspectiva psicossociológica, usando-se como analogia o conceito de “formação reativa” para indicar que tanto os mecanismos psicológicos de inibição das atitudes negativas como as mudanças nas formas de se representar as diferenças de cor destinam-se a justificar práticas sociais que continuam a manter a discriminação racial. Palavras-chave Novo racismo, preconceito, estereótipos, funções ideológicas.
* Departamento de Psicologia Universidade Federal da Paraíba