Sobre o Islamismo
Por Mônica Muniz
Após a morte do Profeta, seguiu-se um momento de confusão na recém formada comunidade islâmica. Eram muitos os problemas. A forma de sucessão não tinha sido definida claramente, o império expandia-se rapidamente, novos territórios iam sendo incorporados e algumas alianças que o Profeta havia estabelecido com as diversas tribos estavam ameaçadas. Algumas dessas tribos não rejeitavam o aspecto profético de sua mensagem, mas questionavam o poder político de Medina.
O processo de expansão das fronteiras era rápido e tornava-se necessário encontrar uma forma eficiente de governar uma tão grande extensão de terras. No início, a autoridade era exercida a partir de bases fortificadas construídas em pontos estratégicos. Na Síria já existiam algumas cidades, mas novos acampamentos foram criados em Basra e Kufa, no Iraque, em Fustat, no Egito, e outros na fronteira nordeste do Corassã, na Ásia. Esses campos eram centros de poder e atraíam imigrantes da própria Arábia e das terras conquistadas, e com o tempo, transformaram-se em cidades importantes. Esses assentamentos ligavam-se ao califado em Medina por intermédio de estradas internas. A comunidade estava composta por grupos heterogêneos. Faziam parte desses grupos antigos companheiros do Profeta, havia também um grande contingente da aristocracia de Meca e de famílias tradicionais da cidade de Taâ?Tif, próxima a Meca. Por outro lado, à medida que as conquistas prosseguiam, a comunidade ia incorporando outras tribos, que se mesclavam umas com as outras.
Apesar da coesão entre as diversas tribos e entre os novos convertidos, a comunidade estava dividida por diferenças pessoais. Os companheiros do Profeta olhavam com desconfiança para os recém convertidos, antes ferrenhos opositores e que agora tinham ascendido ao poder. As elites de Meca e Medina viam o centro do poder sendo deslocado para as terras mais populosas e mais ricas da Síria e Iraque, onde os governadores lutavam