Sobre o Humanismo - Uma Possível Ética em Heidegger
Carta a Jean Beaufret, Paris
Universidade Federal Fluminense
Volta Redonda, 2013.
RESENHA BIBLIOGRÁFICA DE “SOBRE O HUMANISMO” DE MARTIN HEIDEGGER
Filósofo alemão e pensador consagrado do século XX, Martin Heidegger leu Edmund Husserl, o que explica a utilização do método fenomenológico. Dentre suas obras, a que mais se destaca é “Ser e Tempo”, de 1927, a partir da qual ele defende que o problema do ser seja substituído por meio do fenômeno da historicidade da vida, analisando a questão que se põe da existência em sua facticidade. Nesse sentido, faz-se mister atentar para a concepção heideggeriana de homem enquanto possibilidade, isto é, poder-ser, concebendo o existir como a essência do homem.
Esses e outros conceitos também encontram, de certa forma, sustentação na carta “Sobre o Humanismo”, publicada em 1947, que é uma resposta à pergunta “Comment redonner um sens au “humanisme?”, que significa “De que maneira dar novamente, à palavra humanismo, um sentido?”, feita pelo filósofo existencialista francês Jean Beaufret.
A filosofia de Heidegger é de cunho ontológico, visto que se ocupa do ser enquanto ser. Ao evitar o foco no indivíduo, propõe a superação da dicotomia sujeito (idealismo, racionalismo) e objeto (empirismo, positivismo), pois não haveria como dissociar a figura de um da do outro. Aliás, como bem afirma o filósofo, estas são expressões inadequadas da Metafísica.
Inicialmente, é feita uma crítica à concepção prática do pensar, isto é, à interpretação técnica (tékhne) do ato reflexivo que remonta a Platão e Aristóteles, bem como a alguns entendimentos da contemporaneidade que relutam para que a filosofia não perca importância diante da possibilidade de que não seja elevada à condição das ciências – às quais se atribuem títulos, como “Ética”, “Lógica” e “Física”, o que configuraria o abandono do ser enquanto ciência do pensar. Isso decorre da tentativa de equiparar pensamento e técnica,