Eltonfogaca

3543 palavras 15 páginas
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A ÉTICA DA ALTERIDADE COMO FUNDAMENTO DO HUMANISMO LATINO

COSTA, E. F.
(CPGD/UFSC/CAPES)
quetzal.coatl@hotmail.com

1. INTRODUÇÃO

A globalização e o neoliberalismo, ligados às transformações econômicas e ao progresso técnico e científico, apontam para um processo de expansão e de uniformização política e econômica, estendendo-se ao nível cultural. Esse processo de massificação é expressão da totalidade e do individualismo, características marcantes do nosso tempo.
Ante essa realidade inquestionável, urge a revalorização do sentido ético do Humano e o respeito às diferenças culturais como premissas necessárias de um modelo de sociabilidade assentado na pluralidade, fraternidade e paz.
É só a partir do reconhecimento do Outro em sua irredutível diferença – o sentido ético da alteridade por excelência – que se pode pensar em uma ética política intercultural que, sem a intenção de substituir a pluralidade das culturas e das mais diversas crenças, realize a conversão sobre alguns princípios gerais capazes de orientar o agir político e o comportamento humano no fim de construir um mundo mais justo e solidário.
A partir dessa orientação, o presente ensaio será desenvolvido no fim de buscar uma fundamentação do humanismo latino a partir da ética da alteridade. Neste ínterim, o referencial teórico utilizado é o sentido ético da alteridade assentado no pensamento de Emmanuel Levinas 1 .

1. A ÉTICA DA ALTERIDADE

A alteridade é a característica de ser outro. É ser outro enquanto outro, fora das razões do Mesmo.

1

Emmanuel Levinas [1905-1995], filósofo judeu nascido em Kaunas, na Lituânia, e radicado da França.

2

Esse conceito, de origem na palavra latina alter – ‘o outro’, expressa a idéia do conceito de indivíduo segundo o qual os outros seres são distintos do ego. Embora praticamente impossível definir com precisão o termo ‘outro’, ele pode ser definido em seu sentido positivo, isto é o outro como absolutamente outro e não como simples negação do mesmo. Não

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