sobre a evolução da teoria pulsional freudiana
Sobre a evolução da teoria pulsional freudiana
2.1
A emergência do conceito de pulsão na obra freudiana
De todas as partes lentamente desenvolvidas da teoria analítica, a teoria das pulsões foi a que mais penosa e cautelosamente progrediu. (Freud,1930:139)
Partiremos da premissa de que o corpo fornece uma fonte de estimulação constante, da qual não é possível esquivar-se e que sustenta toda a atividade
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psíquica. Este postulado encontra-se presente na obra freudiana, desde o início como podemos notar num trecho do artigo de 1895, intitulado Projeto para uma psicologia científica, no qual somos informados que “Ψ (psi) está à mercê de Q”, pois os estímulos endógenos se produzem de maneira contínua, ao contrário dos estímulos externos “e é assim que surge no interior do sistema o impulso que sustenta toda a atividade psíquica. Conhecemos essa força como vontade - o derivado das pulsões” (Freud (1950[1895]:335). Isto significa que não há possibilidade de fuga. Podemos fugir dos estímulos externos, mas não podemos fugir dos estímulos internos, “e nesse fato se assenta a mola mestra do mecanismo psíquico” conclui Freud. 2
Neste ponto de sua produção teórica, Freud concebe um aparato psíquico que é regulado pelo princípio da inércia neuronal, funcionando no sentido de se ver livre dos estímulos, e isso só é possível através da descarga de Q que ele recebe. 3
Ele vai definir três grandes sistemas neuronais em seu Projeto para uma psicologia científica. São eles: sistema Psi (Ψ), sistema Phi (φ) e sistema Omega
2
Op. cit. p. 334.
Sendo Q, a energia que circula pelos neurônios, capaz de deslocamentos e descargas. No Projeto, a noção de quantidade é representada ora pela abreviatura Q, ora pela abreviatura Q`n. Algumas vezes Q é empregada para designar a energia que circula pelo sistema nervoso, outras vezes distingue Q de Q`n, designando a primeira como energia de fonte exógena e que é