Klein Freudiana
DE LIVROS an o VII, n. 4, dez/2004
Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., VII, 4, 263-268
Melanie Klein. Estilo e Pensamento
Elisa Maria de Ulhoa Cintra e Luis Cláudio Figueiredo
São Paulo: Escuta, 2004
Melanie Klein é freudiana
Débora Siqueira Bueno
263
O título pode soar provocativo – mas sabe-se que Melanie
Klein reivindicou um reconhecimento dessa ordem por toda a vida.
Klein não fez parte do grupo de analistas pioneiros que circundavam Freud e partilharam com ele da tarefa de fazer crescer e difundir “a causa”. Não chegou à psicanálise pela via acadêmica, nem por erudição científica ou filosófica. Era “uma verdadeira outsider”.
Um enorme sofrimento pessoal levou-a a buscar sua própria análise. Depois passou a observar, inquietantemente, instrumentada pelo olhar psicanalítico recém-adquirido, o que a rodeava
– a si mesma e a seus filhos, em primeiro lugar. Melanie Klein começou, metafórica e literalmente, em casa. Seu pensamento foi elaborado numa forja de dor, em que se amalgamaram uma grande intuição clínica, o contato direto com os processos e fenômenos do psiquismo, uma coragem em inovar e, sem dúvida, a ambição de escrever uma obra criativa que viesse a ser reconhecida. E até hoje, quase 45 anos depois de sua morte, ainda suscita reações de encantamento ou repulsa. A essa autora não se fica indiferente.
R
E
V
I
S
T
A
L ATINOAMERICANA
DE
P S I C O PATO LO G I A
F U N D A M E N T A L an o VII, n. 4, dez/2004
264
O primeiro dos méritos do livro Melanie Klein. Estilo e pensamento, editado recentemente pela Escuta, é justamente o de conduzir-se com precisão e rigor nesse terreno propenso a discussões apaixonadas. Os autores o apresentam como uma introdução ao estilo e ao pensamento de Melanie Klein, efetuada por psicanalistas não alinhados a uma escola kleiniana, mas que reconhecem a enorme contribuição dessa autora para a psicanálise e a cultura. Na valiosa introdução,
Elias Mallet da Rocha Barros nos adverte que o discurso ideológico