Sobre Júlio Dinis

Apresentação
Júlio Dinis
Júlio Dinis foi um pseudônimo; o seu verdadeiro nome era Joaquim Guilherme Gomes Coelho. Igualmente exímio (Que demonstra perfeição em tudo o que faz) na arte de narrar, Júlio Dinis (1839-1871) fez a ligação entre o modelo romântico e o realista. Como médico que também era, pôde conhecer muitas situações humanas suscetíveis de serem passadas a prosa. Romances como As Pupilas do Senhor Reitor (1866), A Morgadinha dos Canaviais (1868) e Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871) oferecem uma descrição bastante verossímil do ambiente do campo, ainda que a maioria das personagens encarne características românticas. Uma Família Inglesa (1868), com o Porto como cenário, introduz um elemento mais crítico em relação a uma sociedade em que a pequena burguesia vai progressivamente emergindo.
Escritas em 1863, As Pupilas do Senhor Reitor foram publicadas pela primeira vez como folhetim do Jornal do Porto em 1866. Alcançaram grande êxito, fornecendo ao seu autor, até então quase desconhecido, o estímulo para publicá-las na forma definitiva de romance, em 1867.
Embora As Pupilas tivessem sido escritas de uma maneira que se afastava da norma geral, rápida e parcelada, de produção folhetinesca, uma vez que o romance foi todo escrito e submetido a revisões antes que Júlio Dinis se dispusesse a publicá-lo, não há dúvida de que ele se destinava a esse tipo de divulgação. Ao sucesso do primeiro folhetim, seguiu-se imediatamente a publicação de outros. Essa predileção pela forma folhetinesca parece ligar-se às idéias de Júlio Dinis a respeito do papel da literatura como "instrumento".
Em As Pupilas do Senhor Reitor, podemos observar características evidentes do Romantismo, como a vitória do amor sobre as convenções sociais, o predomínio dos sentimentos sobre a razão, a idealização da vida natural (bucolismo), a busca de uma linguagem simples e direta, a idealização da mulher e a religiosidade. A hiper-valorização dos sentimentos e das emoções pessoais