Sobre Hannah Arendt

2790 palavras 12 páginas
POR PAULO ZAGALO E MELO
VISITING SCHOLAR, UNIVERSIDADE DO COLORADO – BOULDER E DOUTORANDO
NO INSTITUTO DE ESTUDOS POLÍTICOS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

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Humanismo Político

Sobre o Pensamento de Hannah Arendt
Hannah Arendt é sem dúvida uma das mais importantes figuras do pensamento político contemporâneo. Famosa pelo seu trabalho sobre totalitarismo, em particular através das obras The Origins of Totalitarianism (1951) e Eichmann in Jerusalem: A Report on the
Banality of Evil (1963) – baseado na sua reportagem para a revista The New Yorker sobre o julgamento de Adolf Eichmann, conhecido como “o arquitecto do holocausto” – a obra de Hannah Arendt cobre muitos outros temas como a natureza da liberdade, o conceito de revolução e as capacidades humanas de pensar e julgar.

A

liado à heterogeneidade da sua obra está o problema de tentar encontrar um fio condutor da sua obra. Talvez por isso, vários autores estudaram cada obra de Hannah Arendt isoladamente ou, noutros casos, debruçaram-se apenas sobre os temas mais evidentes, como o totalitarismo ou os conceitos de esfera pública e esfera privada.
Recentemente, um ex-aluno de Hannah Arendt na Universidade de Chicago nos anos sessenta, altura em que Arendt integrou o famoso Committee of Social Thought daquela universidade, iniciou a árdua tarefa de tentar encontrar um argumento central

condutor da sua obra. O destemido autor é Horst Mewes, emigrante alemão nos EUA, tal como Arendt, professor de teoria política na Universidade do Colorado – Boulder, que foi orientando de Hannah Arendt e de Leo Strauss, um par imprevisível.
Curiosamente, na altura, Mewes não fazia ideia que Strauss e
Arendt não se relacionavam e que não trabalhavam juntos. Foi ao tentar ter os dois no seu comité de orientadores de doutoramento que o descobriu. Discretamente, Arendt ofereceu-se para co-orientar Mewes secretamente, sem Strauss saber, ficando este como seu orientador ‘oficial’. Mewes descreve Arendt

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