Situação problema
[Imagem: Omar Abou El Seoud]
Grupos de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Friedrich-Schiller em Jena (Alemanha) uniram-se em uma parceria internacional com o objetivo de fazer avançar o conhecimento em uma área de fronteira do conhecimento: a chamada "química verde", um conjunto de diretrizes voltado à redução do impacto ambiental dos processos químicos que promete revolucionar a indústria e a economia.
Solventes verdes e celulose
Segundo o professor Omar El Seoud, do Instituto de Química (IQ) da USP, os estudos realizados no âmbito da parceria envolvem dois aspectos principais: o uso de solventes "verdes" e de celuloses de diversas procedências, inclusive de bagaço de cana-de-açúcar.
"Os ésteres e éteres de celulose são usados como fibras, filmes, membranas de hemodiálise, aditivos para medicamentos e alimentos, entre outras aplicações," explica ele.
Os solventes "verdes" utilizados nas pesquisas são líquidos iônicos, uma alternativa de baixo impacto ambiental aos solventes convencionais utilizados em processos químicos industriais.
Líquidos iônicos
"Os líquidos iônicos têm maior estabilidade química e térmica. São extremamente seguros, pois não são inflamáveis e praticamente não têm pressão de vapor, e podem ser reciclados novamente no processo. Ou seja, são isentos dos perigos usuais dos solventes orgânicos clássicos, como o etanol ou o tolueno, que representam riscos de fogo, explosão e decomposição", explicou.
O que distingue o novo processo, de acordo com o cientista, é sua realização sob condições homogêneas, ao contrário do processo industrial atual. "Esse aspecto permite melhor controle das propriedades e, por consequência, das aplicações dos produtos obtidos", disse.
Produtos de alto valor agregado
El Seoud conta que o objetivo do uso desses processos não é produzircommodities, como fibras, mas produtos de especialidades, com valor agregado, como membranas de hemodiálise, cuja eficiência