Sistema de escravidão
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Departamento de Sociologia
Temas de Sociologia Brasileira (FLP0523)
1º semestre / 2015
PROVA 1
Aluno: Kaio Rafael de Oliveira Diniz
Nº USP 6912791
1) Para Freyre, o “sistema social da escravidão” era, sobretudo, um sistema econômico. Antes de nos dedicarmos a esse ponto, contudo, são necessárias algumas considerações. Freyre aborda no capítulo IV de Casa-Grande & Senzala diversas situações cotidianas do período escravocrata. Seu empenho é para demonstrar que todo brasileiro “traz na alma e no corpo (...) a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro” (p. 283). Refere-se, já aí, a esse traço de mestiçagem presente tão fortemente, segundo sua análise, na sociedade brasileira. Cabe dizer, aqui, que tal mestiçagem não é vista pelo autor como um fenômeno negativo. Ao contrário, Freyre reconhece, mais de uma vez, a superioridade do negro em relação ao índio e ao branco, ao menos em certos sentidos, como em relação a capacidade técnica e artística, e descreve fartamente a influência africana sobre a cultura brasileira (religião, língua e costumes seriam somente algumas delas). O capítulo IV, como bem se nota, problematiza o que se poderia chamar “senso comum” em relação ao negro. É aí que Freyre irá refletir sobre uma série de argumentos raciais, ponderando sua influência e sua racionalidade. Considerando uma série de hipóteses, o autor destrincha e refuta uma variada gama de preconceitos, como a maior proximidade entre o negro e o macaco e a suposta imoralidade da raça negra. A leitura do texto impressiona, uma vez que muitas das ideias quebradas por ele ainda estão em voga em nossa sociedade.
Temos, então, essa dupla dimensão do texto: por um lado, insiste na importância do negro na constituição da cultura brasileira, por outro, problematiza a visão corrente do negro no momento histórico em que é escrito. Essas duas dimensões, associadas à inovação de se fazer um tipo de