Africa
ESCRAVIDÃO INTERNA NA ÁFRICA, ANTES DO TRÁFICO NEGREIRO
Talita Tavares Batista Amaral de Souza Mestre em Sociologia pelo IUPERJ Professora da UCAM e ISEPAM
RESUMO O artigo que segue tem como principal objetivo fazer uma leitura panorâmica histórica da realidade cultural, social e política da África, antes do século XV, portanto, anterior ao impacto do tráfico negreiro no Oceano Atlântico. Revisando autores especializados como: Paul Lovejoy, Claude Meillassoux, Rolland Oliver, João José Reis, Alberto Costa e Silva, tentaremos mostrar a especificidade da cultura africana, refletindo sobre a gênese da escravidão na África, o conceito de escravidão, a natureza da escravidão doméstica ou de linhagem e a formação de Estados africanos produtores de escravos. PALAVRAS-CHAVE Escravidão, escravidão doméstica, tráfico negreiro, estados produtores de escravos
INTRODUÇÃO A falta de maiores estudos sobre a cultura africana, assim como um conhecimento equivocado, fracionário e ingênuo divulgado pelos meios de comunicação de massa, que nos apresentam, muitas vezes, uma visão romântica, com imagens ligadas à natureza, personagens exóticos, silvestres e rústicos, nos distanciam da riqueza e da complexidade do contexto social, histórico, cultural, religioso e político que envolvem esse continente.
CEFET. CAMPOS DOS GOYTACAZES. RJ
Este trabalho tem como finalidade argumentar que a escravidão na África não foi, simplesmente, um resultado da influência européia. Havia-se difundido, naquele continente, antes dos mercados escravistas do Mediterrâneo e/ou das Américas, uma forma mais simples de escravidão – a escravidão doméstica ou de parentesco (Alta Guiné e Zona da Floresta), além das formas mais desenvolvidas de escravidão, através do comércio à distância – presentes nas caravanas inter-regionais do Saara. Nos últimos dez anos tem-se desenvolvido estudos mais aprofundados