Sincretismo religioso
VIVIAN DE AQUINO SILVA BRANDIM1
1.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Destinar um estudo a Dona Constância e sua Obrigação fez com que emergissem
muitas elementos interessantes ao longo da pesquisa para dissertação. Mas, porque dedicar um estudo a essa temática? Quais as motivações que envolvem uma pesquisa desta natureza? Muitos são os questionamentos que me acompanham desde o primeiro encontro com Dona Constância, me encanto com a sua vida e os rituais religiosos que iniciou em sua casa.
O primeiro contato com Dona Constância, minha tia-avó, também foi o último.
Recordo-me de todos os detalhes, desde a chegada ao sítio São José, ritual da Obrigação e o momento da despedida.
A frase que mais me marcou, dentre muitas que ouvi naquele 31 de outubro de
2001, foi que “era para você está aqui neste momento”. Fico imaginando se ela já sabia o que eu iria fazer ou simplesmente foi uma frase espontânea dentre muitas ditas por ela naquele dia.
Chegamos ao Sítio São José por volta das duas da tarde, Dona Constância nos recebeu muito feliz, voltou-se para meu pai e disse que sabia que ele estaria ali, que estava muito feliz por reunir a família. Fomos até a cozinha, nos reunimos em torno de uma mesa enorme, que hoje povoa minhas lembranças sempre que retorno aquele momento. Posso ver meus pais e tios sentados na ponta da mesa, Dona Constância servindo o almoço com tamanha alegria. Da mesa aproximavam-se rostos conhecidos e outros que nunca tinha visto, mas havia em Dona Constância uma vontade enorme de receber a todos.
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Aluna do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Piauí, professora da rede pública Estadual [SEDUC-Piauí], membro do Grupo de Pesquisa CNPq “Memória, Ensino de
Patrimônio Cultural”. Trabalho orientado pela Profa. Dra. Áurea da Paz Pinheiro
Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011