Mario de Andrade
Cartas do modernismo
Durante alguns anos empreendi extensa pesquisa sobre o modernismo, que resultou em exposições como Di Cavalcanti (1997), Flávio de Carvalho (1999), Ismael Nery (2000), Anita Malfatti (2001) e D.Olívia Penteado (2002) . Cada um destes trabalhos, me proporcionou uma visão muito próxima do período que vai do início do século XX até os anos 30. Posso dizer que vislumbro as pessoas por trás dos personagens e que consigo ouvir os risos, o ritmo frenético das construções e do fox-trot,contraposto à residências com espessos tapetes, gobelins e móveis vindos de Paris.
Nas crônicas de Di Cavalcanti, nos textos de Flávio de Carvalho e de Ismael Nery, em jornais e revistas da época é possível delinear esse momento especial dentro da história mundial e brasileira, pleno de mudanças, políticas, artísticas, sociais e comportamentais, e sua face mais conhecida no Brasil é o chamado Primeiro Modernismo.
O protagonismo de Mário de Andrade dentro desse período inegável, suas poesias, textos, críticas e análises influenciaram artistas, apontaram talentos e abriram os caminhos modernistas. Dono de muitos talentos, foi poeta, escritor, crítico literário, teórico de arte, musicólogo, folclorista e fotógrafo.
Mas, dentro de sua extensa produção, nada é mais saboroso, revelador e rico em detalhes pessoais, do que suas cartas. Uma das histórias que Mário contava, quase justificando sua extensa produção epistolar, era a de que, por volta de 1914, enviara seus primeiros versos para o poeta parnasiano Vicente de Carvalho, e ficara muito decepcionado por nunca ter recebido uma resposta.Segundo ele, a partir dessa experiência decidiu que, quando ficasse famoso, sempre responderia aos jovens - e, de fato cumpriu essa promessa.
A partir de uma conversa com Celso Rabetti aceitei a sugestão de fazer uma exposição sobre essa correspondência, que resultou na mostra Mário de Andrade – Cartas do Modernismo. Como recorte curatorial foquei as