Sexo, celibato e pedofilia
Tive um professor de teologia moral que afirmava ser a associação entre sexualidade e reprodução um princípio zoológico, e não teológico. Hoje, sei que ele se equivocou. Mesmo animais ignoram o vínculo entre sexo e reprodução. Pesquisas demonstram que muitos deles fazem sexo por ser prazeroso, e não por quererem se reproduzir.
23/01/2014
Por Frei Betto
O Vaticano admitiu, pela primeira vez, no Comitê da ONU para os Direitos da Criança, em Genebra, a 16 de janeiro, crimes de abuso sexual, como pedofilia, praticados por membros da Igreja Católica.
Tais crimes ocorrem em quase todas as instituições que lidam com menores, e sobretudo no interior do núcleo familiar, onde pais estupram filhas. Porém, sua prática deve ser severamente punida, e não acobertada em uma Igreja que se propõe a educar crianças segundo os valores do Evangelho.
O papa Francisco, em missa na manhã de 16 de janeiro, declarou que os escândalos da Igreja “são tantos” que não podem ser citados individualmente e são uma “vergonha”: “Essas pessoas não têm ligação com Deus. Tinham apenas uma posição na Igreja, uma posição de poder”, disse o pontífice.
Francisco surpreende positivamente por suas afirmações a respeito da sexualidade. Além de não demonizar os gays, ao contrário de tantos prelados que consideravam a homossexualidade uma doença (e nisso coincidiram com governos socialistas), e relativizar o tema do aborto nesse mundo em que poucos protestam contra as guerras e, menos ainda, apoiam a erradicação da fabricação e comércio de armamentos (incluídas as de armas químicas).
Francisco convidou, para ocupar a importante função de Secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, que afirmou não ser o celibato um dogma.
Há tempos a Teologia da Libertação e as teologias feministas defendem o fim do celibato obrigatório para sacerdotes católicos, o que não se justifica à luz da Bíblia. Pedro, escolhido primeiro papa, era casado (Marcos 1,