Serviço social
Hipertensão e gravidez
Istênio F. Pascoal
Resumo As doenças hipertensivas da gravidez, que complicam 5% a 8% de todas as gestações, contribuem significativamente tanto para a morbimortalidade materna quanto fetal. Uma importante distinção deve ser feita entre a síndrome préeclâmpsia/eclâmpsia, reconhecida quando há elevação da pressão arterial pela primeira vez durante a gravidez, e a hipertensão preexistente (crônica). As duas situações, embora ambas caracterizadas por hipertensão, são fisiopatologicamente diversas e têm diferentes implicações agudas e a longo prazo para a mãe e para o feto. Pré-eclâmpsia ocorre mais freqüentemente e é mais grave em mulheres com hipertensão crônica do que em mulheres normotensas antes da gravidez. Complicações fetais incluem crescimento fetal restrito, prematuridade e mortalidade fetal e neonatal.
Palavras-chave: Hipertensão; Gestação; Mulher; Pré-eclâmpsia.
Recebido: 28/08/02 – Aceito: 13/09/02
Rev Bras Hipertens 9: 256-261, 2002 coce e o correto manuseio clínico destas pacientes evitará, em grande medida, o aparecimento de formas clínicas mais graves. que ocorre principalmente em primigestas após a 20a semana de gestação, mais freqüentemente próximo ao termo. Caracteriza-se pelo desenvolvimento gradual de hipertensão, proteinúria, edema generalizado e, às vezes, alterações da coagulação e da função hepática. A sobreveniência de convulsão define uma forma grave chamada eclâmpsia. Em mulheres nulíparas, a incidência de pré-eclâmpsia é de aproximadamente 6% nos países desenvolvidos e 2 ou 3 vezes maior em países subdesenvolvidos. O nível de proteinúria é considerado anormal quando superior a 300 mg/ 24 horas ou pelo menos 2+ em análise qualitativa. Na maioria das vezes, a proteinúria é uma manifestação tardia da pré-eclâmpsia; portanto, uma abor-
Introdução
A gravidez pode ser complicada por quatro formas distintas de hipertensão: 1) pré-eclâmpsia/eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez); 2)