Formação territorial do brasil
Marilena Chauí nos oferece a seguinte explicação para o mito fundador:
Os elementos constituintes do mito fundador do Brasil transparecem um caráter vinculado ao divino e nos remete, de certo modo, às ideias de paraíso, eldorado, uma espécie de terra prometida. Três operações divinas, no mito fundador, respondem pelo Brasil: a obra de Deus, isto é, a natureza, a palavra de Deus, isto é, a História, e a vontade de Deus, isto é, o Estado. Estado monárquico, centralizador e que ‘incentivava’ para si um território centralizado, unificado.
De acordo com Mann (1992, p. 183): “Só o Estado é inerentemente centralizado em um território delimitado, sobre o qual ele tem um poder autoritário [...]. O Estado é, realmente um lugar – tanto um lugar central, quanto um alcance territorial definido”.
Para Lia Machado, “a unidade territorial foi, ao mesmo tempo, produto participe do processo de formação do Estado brasileiro, sendo errônea a afirmação de que uma herança dos tempos coloniais mantida pela ação de uma elite” (MACHADO, 1990, p. 232). No período imediatamente posterior à independência politica, o artificio utilizado foi a tese da continuidade de um governo centralizado como condição de manutenção de uma pretensa herança da unidade territorial. Pouco mais tarde, o artificio politico foram os códigos jurídico-administrativos que favoreciam o papel articulador do governo central e a continuidade do exercício do poder das oligarquias no âmbito local.
Deve-se admitir que o território resulte de profundos movimentos de diferenciação, resultando em diversidades, de ordem natural e social. Segundo Becker e Egler (1993), o Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaços. “Brasil é um continente”, afirmam os autores. Sua extensão territorial o coloca na quinta posição entre os maiores países do globo. A potencialidade de recursos se amplia pela disponibilidade de espaço útil de sua