Serviço social
Entre moscas e urubus
Treze crianças vivem como bichos na beira da rodovia que liga os municípios de Palmares e Xexéo, a cerca de 120 Quilômetros de Recife. Comem mangas, melancias e carnes estragadas e bebem restos de leite azedo deixados em sacos plásticos. Dividem o espaço com moscas e urubus. Moram em barracos de papelão e madeira com os pais no lixão “Chareta”, como é conhecida a área. Ali, crianças como Elival Esteves da Silva, dez anos, também trabalham. Ele separa latas, ferro e papel. Vende o quilo de ferro a R$ 0,03, o papel a R$ 0,05 e o plástico a R$ 0,06. “ Não dá para nada, mas é o único jeito de a gente não morrer de fome”, diz o garoto. Ao lado dos filhos Edivânia, dez anos, Edilene, 13 e Claudemar, 14, e da neta Daniele, de apenas três meses, o cortador de cana Celso Martins da Silva, 27 anos, diz que o dinheiro ganho pela família com a venda do lixo nunca deu para comprar nem um calção. “ Vocês deviam mostrar os retratos daqui para o governador Miguel Arraes”. O secretário de Saúde de Palmares, Kleber Montenegro, considerou normal a existência do lixão. “ Em todo lugar, tem coisas desse tipo. Até no Sul “.
O que está sendo feito ?
A UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) trabalha para diminuir a exploração da mão-de-obra infantil no Brasil. O objetivo é fazer com que as criança se interessem mais pela escola e seus pais possam manter a família sem ajuda dos filhos. A entidade é mais atuante nos locais de maior exploração, como em Franca (São Paulo), onde as crianças trabalham em fábricas de sapatos, e no Estado do Mato Grosso do Sul, onde estão as carvoarias. Também a Fundação ABRINQ para os Direitos da Criança (ligada aos fabricantes de brinquedos) faz um trabalho nessa área e orienta as empresas para que não contratem menores de 14 anos. Quem atende ao pedido, ganha o Selo Empresa Amiga da Criança, para ser colocado nos produtos. E para evitar que as crianças deixem a escola para trabalhar,