Serviço Social
América Latina
CAPÍTULO III: A Igreja Católica e a formação das primeiras escolas de Serviço Social na América Latina
Manuel Manrique Catro
A fundação das escolas pioneiras do Serviço Social no Brasil
No Brasil, como ocorreu no Chile, é ao longo dos anos vinte que a Igreja Católica revigorou sua ação para responder aos efeitos de uma crescente perda de hegemonia na sociedade civil e no Estado, promovendo um vasto movimento de cariz espiritual que procurava lançar profundas raízes na política na economia. A estruturação de uma complexa política de ação para caminhar esse propósito se deu num cenário histórico concreto em que a religião católica, através de sua hierarquia, seus intelectuais, orgânicos e seus fieis, operava no jogo fluido das contradições de classes.
Em 1930, produziu-se no país a chamada “Revolução de
30”, a partir da qual o movimento católico, iniciado pouco antes, encontrou um novo espaço para a sua intervenção.
Para a Igreja, os resultados foram visíveis: ela alcançou conquistas significativas como a disposição de tornar facultativo o ensino religioso nas escolas públicas. Só este fato teve para a hierarquia um sabor de vitória, já que implicou a recuperação de um poderoso veículo de influencia religiosa. A Constituição aprovada em 1934, com claros aportes de católicos, favoreciam amplamente à Igreja.
Em 1935, foi realizado o curso intensivo de formação de jovens, promovido pelas religiosas de Santo Agostinho, para o qual se convidou Adéle Loneux, da Escola de
Serviço Social de Bruxelas. Corolário deste evento foi a criação do Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), destinado a forjar uma superior militância católica mercê de uma ampla mobilização direcionada à recuperação, pela igreja, da sua influência e de seus privilégios. O
CEAS foi considerado como vestíbulo da profissionalização do Serviço Social do Brasil, e aqui também, como no