Serviço social
A questão é o senso comum. Em política as coisas são reais e as proposições são (mais ou menos) verdadeiras ou falsas. As pessoas sangram morrem. À política sustenta, com difi- culdade, o mundo comum no qual podemos conversar uns com os outros; e os filósofos, que dissolvem a experiência em perspectiva, horizontes, opinioẽs, valores, dominações, cultura, e todo o resto, destroem esse mundo comum. A po- lítica é a atividade pela qual se sustenta o quadro da vida humana; não é a vida mesma.
A experiência mostra que a política, dada toda a sua capaci- dade de ordenar muito dos caminho da vida, precisa man- ter distância dessa aventura. No entanto a atividade políti- ca é a vida humana em sua amplitude, cheia de heroísmo e ambiguidade. Compreendê-la é saber quão variedade pode ser em tal época e em tal lugar.
Hoje definimos o despotismo (e a ditadura, o totalitarismo) como uma forma de governo. Isso teria horrorizado os gre- gos antigos, cuja própria identidade (e senso de superiorida- de em relação a outros povos ) baseava-se na distinção que faziam entre seu sistema de governo e o despotismo suporta- do pelos vizinhos orientais. O que esse contraste revela é que a política esta tão no centro da nossa civilização que seu significado se modifica a cada mudança cultural e de circuns- tâncias. Por essa razão, nosso primeiro gesto ao tentar com- preende a política deve ser o nos libertamos das crenças ir- refletidas atuais. O que os gregos sabiam, acima de tudo, é que não eram orie- ntais. Em geral admiravam a suntuosidade cultural dos impé- rios orientais,como os do Egito e da Pérsia,mas normalmente desprezavam a maneira como era governado. Chamavam a esse sistema estranho de despotismo porque não parecia