Serra do mucambo
A cartografia da palha em outras eras estendida na região do atual município de Conceição do Coité, ainda possibilita a leitura de fragmentos do estoque linguístico das oralidades coiteenses que revelam a extensão ocupada pelos povos nativos, os índios, que viveram nesta terra muito antes da chegada do colonizador europeu. Nesta perspectiva de leitura, as tribos indígenas orientavam-se para espaços em que era possível encontrar água, materiais para abrigo e caça em abundância. Foi assim que uma parte da Nação dos Tocós tomou lugar bem ao pé do que hoje é conhecida como a Serra do Mucambo, ocupando depois imensas áreas deste território do sertão da Bahia, na proporção em que as famílias iam se tornando mais numerosas e carecendo de maiores espaços para os assentamentos das proles. Pode-se afirmar com segurança que um povo nobre tomou assento nesse lugar. Daí se depreende que a serra não é apenas um acidente geográfico nas terras deste Sertão dos Tócos, mas um marco de referência da parte em que viveu por eras remotas a civilização mais elevada deste contexto do semiárido baiano.
Convém esclarecer que o termo Mucambo é uma variante da palavra Mocambo – do léxico brasileiro – que significa lugar em que se refugiavam nas matas e nas áreas de caatingas escravos de origem africana, saídos dos grilhões do cativeiro para a liberdade. Logo, dizer Mucambo, neste contexto contemporâneo, implica pensar que em algum momento da história os espaços que asseguraram sustentabilidade às populações indígenas nativas dos sertões da Bahia, acolheram depois a povos de origem africana e lhes asseguraram liberdade. Portanto, quando se trata da Serra do Mucambo, cujo nome indígena foi perdido, prevalece agora o espaço atribuído também ao povo africano, inserido no coração do universo indígena da Bahia.
A Serra do Mucambo, situada na imensa área de caatinga da região do distrito de Salgadália, no município de Conceição do Coité, é um santuário ecológico ímpar no