sermão de santo antónio aos peixes
“Nas festas dos santos, é melhor pregar como eles, que pregar deles”.
O Pe António Vieira achou por bem renovar a tentativa valendo-se de metáforas e alegorias para impressionar as “almas” de seus ouvintes, e obter uma legislação justa para os índios, razão de seu apostolado.
Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão louva algumas virtudes humanas e, principalmente, censura com severidade os vícios, utilizando-se dos peixes como personificação dos homens.
De forma persuasiva, o orador usa argumentos lógicos, sucessivas interrogações retóricas e a autoridade dos exemplos de Cristo, Santo Antônio, S. Basílio, Moisés, Aristóteles e de St. Ambrósio, todas referidas aos louvores dos peixes. Utiliza articuladores do discurso (assim, pois…), interrogações retóricas, anáforas, gradações crescentes, antíteses, etc.
Para atingir o emocional dos ouvintes, utiliza-se de interjeições e exclamações.
No fragmento em que relata a perseguição de Santo Antônio em Arimino o Pe. Vieira recorre a frases curtas, ritmo binário, anáforas, enumeração, resultando uma relação direta com a entoação. A frase interrogativa termina num tom mais alto, a declarativa num tom mais baixo.
1. EXÓRDIO:
"Vós sois o sal da terra" - "Santo Antônio foi sal da terra e foi sal do mar."
A introdução corresponde ao mote do sermão e constitui-se pelo capítulo I. Inicia-se com um Conceito Predicável: texto bíblico que serve de tema e que irá ser desenvolvido de acordo com a intenção e o objetivo do autor "Vos estis sal terrae".
Partindo de duas propriedades do sal, divide o sermão em duas partes: o sal conserva, o pregador louva as virtudes dos peixes; o sal preserva da corrupção, o pregador repreende os vícios dos peixes. O pregador teoriza sobre a arte de pregar, propondo a primazia do conceito, aproveitando-se do dia de Santo Antônio e tomando como exemplo, a dificuldade do Santo em obter resultados em sua