Sentimento dum ocidental
Uma leitura de
«O Sentimento dum Ocidental», de Cesário Verde presentes, seguimos a via de considerar que o texto dispõe de todos os ingredientes poético-narrativos (V. M. A. Silva, 1977) necessários para contar uma história. Mas trata-se de uma história que, à primeira vista, quase não é história: é a história do Poeta que não cabe em casa, nem cabe em si, e sai de casa e de si, deparando, fora, com um cenário humano preocupante e desolador, causa principal do mal estar que o aflige e de que ele vai tomando (e revelando) consciência passo a passo. Esse cenário humano geral, com que o poeta depara, potencia o aparecimento de muitos outros cenários. E isso porque a história que ele conta não é sequencial nem linear, mas encerra em si muitas outras histórias, carregadas de vivências pessoais do Poeta, embora literariamente transformadas (J. Serrão, 1986). Em O sentimento dum ocidental, há tempo, espaço e personagens, como há narrador e acção. O tempo, o espaço e as personagens estão claramente presentes. O narrador é o próprio sujeito poético, como acontece em muitos outros textos de Cesário Verde (J. Laidlar, 1993, pp.96-97), que se desdobra nos relatos que insinua e na interioridade que explora. Alguma dificuldade surge com a narração/acção, sendo necessário o contributo empenhado do leitor para a constituir e organizar e dar sentido às suas partes.
1.
Na leitura que fazemos de O sentimento dum ocidental, destacando as manifestações da consciência nele
2.
No texto de Cesário, deparamos com quatro cenários – Ave-Marias, Noite Fechada, Ao Gás, e Horas Mortas, a
que correspondem, respectivamente, o Cair da Tarde, o Acender das Luzes, a Fixação da Noite, a Noite Segura.
Considerando cada um destes conjuntos, e procedendo a um levantamento