SENTIMENTO DUM OCIDENTAL III - Ao gás (Cesário Verde)
Constitui uma espécie de síntese dos poemas mais utilizados na poesia de Cesário : a humilhação, a preocupação com as injustiças sociais e o sentimento anti burguês. Para além das personagens femininas como sinédoque social, utiliza personagens como o forjador, o velho professor de latim para mostrar solidariedade com os excluídos. Concretiza a pintura da cidade como um símbolo de dor, sofrimento e solidão.
Na 1ªestrofe, o sujeito poético sente desconforto com o ambiente de riso e jogo. É abatido pelo sentimento de peso e esmagamento provocado pela noite. Sensibiliza-se com o sofrimento no interior dos hospitais e com os pobres mal vestidos e doentes, expostos às correntes de ar.
Na 2ªestrofe, o sujeito poético sente-se cerrado. Este revela consciência de que as lojas tépidas que o cercam se assemelham a uma catedral de comprimento imenso, ou seja, uma das origens do cerco que o afeta vem do lado religioso, outra vem do lado do desequilíbrio social
Na 3ªestrofe, o sujeito poético sensibiliza-se com a sorte das burguesinhas do catolicismo, comparando a sua dependência aos deveres do seu tempo (submissão à casa, devotas e beatas, educadas para o piano e as boas maneiras, sem vontade própria…) com a das freiras do antigamente (sujeitas aos jejuns e às crises de histerismo).
Na 4ªestrofe, mostra apreciar as coisas autênticas e salutares da vida (o trabalho do forjador, o fabrico do pão).
Na 5ªestrofe, revela a sua intenção de intervir na sociedade: fantasia escrever um livro que exacerbe, que cause impacto. Mostra pouca simpatia pelas casas de confeções e modas, devido ao que elas representam no antro de contradições que é a cidade.
Na 6ªestrofe, o sujeito poético demostra a sua insatisfação perante as ruas da cidade, que não pode descrever com versos salubres nem magistrais, pois estas ruas são melancólicas e associadas ao terror.
Na 7ªestrofe, revela rispidez perante os que, apoiados pela sorte, são atraídos pelo luxo e pela