Sentidos, Cultura, Tecnologia e Percepção de Realidade

Yi-fu Tuan descreve no seu texto as algumas diferenças entre a percepção humana e animal do mundo. Tratando da visão, sentido muito valorizado em nossa cultura, ele descreve a maneira como alguns animais tem a visão sensível aos raios ultra-violeta, algo que não acontece em nossa espécie. Como poderíamos dizer categoricamente de que jeito o mundo realmente é? Se a luz possibilita a visão, e se o sol, nossa principal fonte de luz, emite determinados raios imperceptíveis ao olho humano, não seria incorrecto dizer que nossa visão é completa, perfeita? Quando alguém não precisa de óculos consideramos sua visão perfeita. Mas temos que entender que essa perfeição só existe nos parâmetros que criamos. Somos antropocêntricos. O mundo não é como o vemos, ele nos parece assim.
Na Alegoria da Caverna, Platão defende a tese de que existe uma verdade absoluta, uma realidade independente dos sentidos humanos. Ora, o que podemos dizer senão que esse é um ideal platônico? Brincadeiras à parte, segundo Platão, os sentidos nos fazem enxergar o mundo de forma restrita, incompleta. Para ele, o mundo ao qual temos acesso por meio deles é o interior da caverna, é um mundo de sombras, imperfeito. E apenas através da razão alguém seria capaz de “enxergar” o mundo ideal, onde tudo é o que é e não o que aparenta ser.
Mas como nos separar dos nossos sentidos? Desde a gestação percebemos o mundo através deles. São eles que nos guiam, e influenciam cada pensamento. O próprio
Platao, mesmo com seu pensamento idealizado, foi influenciado pelos seus sentidos durante toda sua vida.
Assim como nossos sentidos nos influenciam no modo de experimentar o mundo, também nos influenciam, nossas vivências anteriores. Cada informação absorvida por nos ao longo da vida transforma a nossa maneira de encarar a realidade que se apresenta diante de nós. Logo, cada pessoa enxerga o mundo de maneira diferente, de acordo com sua vivência, sua cultura. Isto se chama etnocentrismo, definido por