SENSO COMUM
SENSO COMUM As histórias contadas pelos mais velhos, os mitos, as crenças aceitas sem perguntas, as notícias que assistimos na televisão, as pregações religiosas na televisão, os preconceitos e os moralismos, os comportamentos copiados, os discursos políticos vazios, os acontecimentos sobre os quais lemos nos jornais, a infinidade de informações que encontramos na internet... Formam um conjunto de “conhecimentos” que, sem refletir, chamamos de “fatos”, aceitando-os como verdadeiros. É o que chamamos de “senso comum”, ou seja, conhecimentos que acreditamos que são compartilhados “por todo mundo”.
Todo mundo sabe que a terra é redonda.
Todo mundo sabe que chove a partir do fim de setembro.
Todo mundo sabe que chá de boldo é bom para ressaca.
Todo mundo sabe que é preciso tirar carteira de identidade.
Todo mundo sabe que... Será?
A lista é imensa. Podemos ainda incluir nesse grupo as receitas de bolo, as instruções de como usar equipamentos, boletins meteorológicos, notícias sobre o trânsito, alguns programas de rádio, alguns programas de televisão...
O mais importante não é tanto o “quê”, mas o “como”; ou seja, o que define o senso comum não são tanto os conteúdos ou informações que consideramos verdadeiros ou certos, mas o fato de os aceitarmos como verdadeiros sem os questionarmos. É a atitude passiva ou mesmo “dogmática” que define esse nosso primeiro modo de viver ou de estar no mundo.
Em certa medida, é perfeitamente compreensível que seja assim. A vida social cotidiana não seria possível se toda comunicação devesse ser baseada em conhecimentos profundos e exatos de todas as coisas sobre as quais conversamos. É o caso da piada do chato que, toda vez que alguém pergunta “como ele vai”, responde dando uma descrição detalhada do seu estado de saúde, mostrando resultados de exames clínicos, raios-X e tomografias. A praticidade da vida cotidiana exige que nos limitemos a representações rápidas ou superficiais